Mas claro que eu não vou contar idéia jovem alguma. "No new tale to tell", apenas uma vontade de potência, ou o potencial de uma vontade. Nós precisamos de idéias jovens, claro, mas quando reparamos que a própria referência de um clamor novo usada tem mais de 20 anos, a exaltação com toda a poeira levantada tende a baixar um pouco. A cada geração, nós jovens percebemos que "está na hora", que o sangue novo está aqui, correndo em nossas veias, nosso ímpeto pela reinvenção está latente mas, por tantos motivos conhecidos e uns outros tantos desconhecidos, acabamos não descobrindo o canal ou a forma apropriada a dar para esse ímpeto, e acabamos "sublimando" e deixando por isso mesmo.
Que seja. Não obstante, o sangue novo está aqui, e se os potenciais não geraram seus frutos, tampouco se enrigeceram em mais uma camada de status quo, ainda que muitos tenham sido absorvidos e inoculados pelo status quo. Mods, punks, beatniks, hippies e tantos outros movimentos passaram, e já faz tempo que não se tem um "movimento" sobre o qual falar, mas a falta de uma palavra que sirva para rotular todo o pathos e vitalidade de uma geração não faz com que eles deixem de existir. Como disse Tyler Durden, nós não temos uma Grande Guerra ou Grande Depressão contra os quais lutar, a falta do símbolo que um grande mal como a ditadura militar representa gera a difusão, ficamos sem uma bandeira à qual nos reunirmos, ficamos apáticos.
Ou ficamos? Mas quem disse que devemos precisar de bandeiras, slogans ou movimentos? Essas são justamente as armas "deles", do "inimigo", testadas século após século, com os resultados que já conhecemos. Sejamos então difusos, talvez seja essa a grande sacada, o grande aprendizado deixado pelos nossos predecessores, não nos carregar do fardo desses instrumentos: nós crescemos com os valores de que grandes conquistas são feitas com frases de efeito e bandeiras, e em comparação aos movimentos do passado realmente somos apáticos. Mas se os grandes movimentos deram sempre com os burros n'água, por que nos nortear por eles? A necessidade de reinvenção passa pela reinvenção dos valores (reinvenção, não a rebeldia barata de negar tudo que for passado, "You can't dismiss what is gone before / But there's foundations for us to explore"), quem sabe novos valores que não preguem que nos equipemos com os ossos do ofício habituais. A História nos ensina que as questões são maiores e o buraco é mais embaixo do que se pensava, do contrário eles já teriam sido solucionados antes, e se nós não servimos para os velhos valores, tampouco eles nos servem. As grandes causas servem apenas para ideologias infladas, a menor das pequenas coisas humanas pelas quais realmente vale a pena lutar não cabe na maior das ideologias.
Não vistamos então a camisa de nenhuma causa, pois sabemos que as causas são apenas aparências. Se vemos que o rei está nu, sigamos então nus também. Sejamos difusos, pois a solidez nos faz lentos e complacentes, e a difusão nos permite a fluidez de perceber além do bem e do mal, e enxergarmos que há o bom e mau.
In the city there's a thousand things I want to say to you
But whenever I approach you, you make me look a fool
I wanna say, I wanna tell you
About the young ideas
But you turn them into fears
In the city there's a thousand faces all shining bright
And those golden faces are under 25
They wanna say, they gonna tell ya
About the young idea
You better listen now you've said your bit-ah
And I know what you're thinking
You still think I am crap
But you'd better listen man
Because the kids know where it's at
In the city there's a thousand men in uniforms
And I've heard they now have the right to kill a man
We wanna say, we gonna tell ya
About the young idea
And if it don't work, at least we said we've tried
In the city there's a thousand things I want to say to you"