A Single Kiss ano X:
The Chestnut Tree Café
"Under the spreading chestnut tree, I sold you and you sold me"
-- George Orwell - "1984"

Após anos sob interdição, o Chestnut Tree Café agora se dedica a registrar as Crônicas de um Escravo de Colarinho Branco.

Música:
R.E.M.
Sisters of Mercy
Echo & the Bunnymen
Bauhaus
Kraftwerk
Nitzer Ebb
Leonard Cohen

Mas um dia foram:
Metallica
Iron Maiden
Ramones
Motörhead
Rage Against the Machine
Suicidal Tendencies

Filmes:
Big Fish
Eternal Sunshine of the Spotless Mind
Bicentennial Man
The Wall
Fight Club
Before Sunset

Escritores:
F. Dostoievski
J.R.R. Tolkien
Leonard Cohen
F. Nietzsche
W. Reich
Alan Moore
Frank Miller

Lendo no momento:
F. Dostoievski - Um Jogador

Posts de destaque:
Inauguração
MTV
A palavra
Adaptações para Star Wars
Santos-tolos I, II, III, IV
A Paixão de Cristo I, II
Nacionalistas
O Medo
Nossa geração
Patterns
A censura
Joseph Welsh e Michael Moore
Dostoievski I, II, III
The Young Ideas

The Inner Party:
Após vários julgamentos públicos, há escassez de membros a indicar

Aprovados pelo MiniTrue:

Virtual Bookstore - Brasil
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H.R. Giger Official Website
Video "Killing Time at Home"
Absurd - Design Anihilation
Sinfest
Albino Black Sheep
Something Awful
Anel Um PBM

Quem controla o passado controla o futuro:




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quarta-feira, agosto 27, 2003

 

Anonimato

Gente, vamos brincar direito! Quando forem colocar comentários, quem me conhecer se identifique pra dar pra contextualizar de onde tá vindo o comentário, seja positivo ou negativo -- principalmente negativo... O comentário do(a) Metamorfose Ambulante e preconceituosa eu nem entendi, por exemplo, se foi negativo, ou se foi pilha amigável.

De qq forma criticou mal, em particular ao apontar os dois exemplos de como eu "mudei", R.E.M. e Bicentennial Man, já q essas são na verdade algumas das minhas referências mais antigas. Ora, Out of Time foi o primeiro LP (sim, LP) q eu comprei, lá em 91, e eu passei minha infância lendo romances do Isaac Asimov (eu devia estar em meados da 6a série quando li Eu, Robô). Ou seja, ele(a) foi citar como exemplos (ressaltados como se fossem algo antes impensável) justamente duas coisas das mais fundamentais no acervo do meu imaginário!

E digo, mais, como dizia o Edinho, "Raul Seixas de cu é rola!". :)


posted by Manhaes at 2:15 AM
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terça-feira, agosto 26, 2003

 

Desculpem a demora, eu estava no banheiro...

Bom, de uma maneira figurada é verdade ("de certa forma", que nem as mentiras mal contadas que o Obi-Wan solta por aí), fiquei uns dias fazendo a digestão da minha leitura mais recente. É claro que eu não fiquei três semanas sem escrever por causa disso, mas entre preguiça, falta de vontade de escrever, e zerar Ufo 3 de novo (ainda por concluir), esse parece o único motivo digno de menção aqui. :P

Há umas duas semanas eu acabei de ler Crime e Castigo do Dostoievski, e sei lá, alguma coisa não bateu direito. Ele vende um certo peixe, te coloca em uma determinada posição, e de repende conclui pra outra, fiquei meio decepcionado no final, não sei se é coisa de romance do Séc. XIX, se eu que fui pego desprevenido quanto à postura do Dostoievski, ou se eu simplesmente não entendi a moral da história.

Esse é o livro mais recente de uma sequência "casual" de livros que eu andei lendo, cada um com protagonista mais a parte do que os outros (mais sobre isso em outro momento, um assunto por vez!). O livro é muito foda, merecedor de estar naquela listinha de leituras obrigatórias (que eu tô tentando quitar, esse é menos um que eu devo), e tem um ritmo cativante que te pega logo de cara, pra quem estiver com medo daquela coisa massante típica de nossos conterrâneos do Séc. XIX. Em dados momentos a gente enxerga a receita do que viria a ser Nietzsche ou o Existencialismo dados ali em síntese, e vemos como Dostoievski faz juz à denominação de ser um dos escritores que mais influenciaram o pensamento do final do séc. XIX e séc. XX. Vemos isso ao longo da vida desapegada (e depois vêm dizer que desapego é algo desejável, tomem isso aqui ou O Estrangeiro pra ver o que é bom!) e desolada de Raskolnikóv -- que o tradutor prontamente nos explica ser um nome inventado a partir do radical "raskól", cisão, sinalizando seu caráter cindido, assim como sua cisão e estranhamento de todos ao seu redor.

A história como eu disse é maravilhosa, embora em dada altura fique um pouco romance típico daqueles José de Alencares que nos empurram no colégio, faz um tratado fascinante sobre o homem e a sociedade. Pessoalmente, me decepcionou que no final a resposta encontrada pelo autor tenha sido a que foi (calma gente, sem spoilers!), mas acho que isso foi engano meu: Dostoievski pinta um quadro tão nítido de uma humanidade que está se esquecendo de Deus, e do estado de abandono em que ela se encontra nessa transição de focos, e com retórica tão veemente apresenta argumentos que prenunciam tão bem a vontade de poder e o além-homem de Nietzche, com seus ateus e comunistas negando Deus e exaltando o Homem e a Razão, que ele te convence de que está realmente defendendo essa posição. Na verdade ele está preparando o cenário para argumentar o inverso disso tudo!

Qual era a do Dostoievski então? Ele era então apenas brilhante cronista (ele teria tido muito o que conversar com Nelson Rodrigues, nosso Nietzsche brasileiro) que descrevia com grande acuidade o estado então atual do homem e da sociedade, enquanto ele mesmo era um cristão fervoroso que via esse estado não como avanço mas como perdição? Eu hein? Acho então que entra em jogo a questão de que nenhuma arte é perfeita, cabendo a nós aproveitar o que for bom e rejeitar o que não servir. Entra em jogo nossa tesoura -- aquela mesma que omite o dispensável papo de midi-chlorians do Ep.I -- e omite as últimas 40-60 páginas do livro. Pro meu entendimento tendencioso de não-convertido, o livro é muito mais útil assim.

Mas ainda assim foi mais forte do que eu, meu nickname no icq teve que virar Raskolnikóv! :P

* * *

Se nenhuma arte é perfeita, o oposto de que nenhuma arte é uma perda total também é verdadeiro, e as duas máximas nos são bastante úteis -- embora a segunda seja bem menos absoluta, pois encontramos exemplos de produção artística que parecem estar além da salvação do mais leniente dos olhares. Fica a nosso encargo enxergar que esse ou aquele filme não são perdas totais, pois têm uma ou outra cena que nos são relevantes, algo que nos adicione algo, e por vezes encontramos isso no filme de ação mais musculoso e banal possível. É claro que uma cena responsável por 2% do filme não o faz bom (bem, tecnicamente o faz 2% bom!), mas então é só guardar os 2% e descartar o resto, que se pararmos pra pensar já é como processamos nossos alimentos!

Têm também aqueles filmes que se explicam demais no início ou final, ou que têm finais felizes que destoam do resto do filme, que a gente sabe que foram colocados lá só pra cumprir o protocolo hollywoodianos. Acho que Vanilla Sky é um bom exemplo do primeiro caso, e Dark City do segundo.

É isso.

* * *

Ah, a música de hoje! Pode ficar sendo The World I Know do Collective Soul, por dois versos bem fortes e apropriados dela (embora ela toda seja linda):


All the words that I've been reading
Now started the act of bleeding into one



posted by Manhaes at 9:16 PM
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quarta-feira, agosto 06, 2003

 

Adendos à referência do Fernando Pessoa:

* Ao citar o trabalho de algum artista, em circunstâncias normais eu teria feito algum comentário sobre ele, como as "breves" impressões sobre Matadouro Cinco. No caso do Fernando Pessoa eu nem tentei. Como eu disse no próprio post, eu mal conheço o trabalho dele pra poder falar com alguma propriedade, e além disso meu contato com poesia não vai além de uns poucos encontros casuais com sonetos de Shakespeare e Neruda.

Mas aí foi legal, que onde eu não me arrisquei a tecer comentários, uma melhor conhecedora deixou uns por mim (tão vendo? O negócio é deixar que quem saiba melhor sobre algo que fale por nós!). A Marília fez uma visita surpresa e elaborou brevemente sobre o poder desse poema:

"...o que eu acho muito foda nesse poema é que ele tira todo o glamour de ser loser... odeio gente que se alimenta do glamour (se é q existe) de ser loser pq não consegue peitar seu próprio desejo de ser vencedor. E, como um amigo escreveu em seu blog certa vez, esses losers nunca vão se assumir fracassados. São "losers", é diferente... sutil... mas diferente. O poema em linha reta é o fracasso cru e honesto, sem essa de príncipe ou loser. É fracassado sim. E o fracassado não necessariamente esconde seu desejo de vencer."

Valeu, cálega reichiana! ;)

* Quando eu expresso uma opinião, eu gosto de contextualizá-la e fundamentá-la (por que e de onde a tenho), do contrário ela se torna uma coisa aleatória vagando no espaço. Se poesia não é meu forte, e ainda assim eu digo que acho esse poema foda, certamente que não estou falando por méritos literários, mas pessoais, então fatalmente a contextualização relevante seria dessa esfera. Eu ainda frizei no post que o contexto original desse poema pra mim (as fadadas duas situações) não era recente, então qualquer que seja o motivo que me levou a falar desse poema nesse momento não é relacionado ao contexto original (até por que esse poema me parece ser um daqueles exemplos de boa arte cuja aplicabilidade não se restringe a poucas situação, beirando o universal). É isso. Tá bom de disclaimer já.


posted by Manhaes at 4:28 AM
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terça-feira, agosto 05, 2003

 

Momento "a hipocrisia da condenação pelo status quo."

Tem um poema do Fernando Pessoa que me agrada muito, Poema em linha reta. Não tiro onda de ser grande entendedor de Fernando Pessoa ou demais poetas da língua portuguesa, pelo contrário, que me lembre só conheço esse poema dele. Visto que esse parece ser um dos mais conhecidos dele, eu sou então o equivalente àquelas pessoas q conhecem apenas o hit mais manjado de uma banda.

Em dois momentos distintos (felizmente nenhum deles recente -- "não escreverás um diário"), esse poema me foi citado por duas mulheres que se apresentaram convincentemente como aliadas contra essas interpéries sociais. Em ambas ocasiões, pouco tempo depois as duas se mostraram não só pivôs de novas rodadas de interpéries, como também fortes defensoras do status quo falsamente moralista dos príncipes que disseram condenar. É curioso que ambas tenham distintamente identificado a aplicabilidade da crítica nesse poema às situações correntes, mas é acima de tudo irônico que ainda assim elas ajam como os príncipes deles, princesas da Idiossincrasia da Vida Privada.

Poema em linha reta
Fernando Pessoa

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

* * *

Acho que nesse pique eu tô condenando esse blog à extinção prematura por falta de visitantes, né?


posted by Manhaes at 4:18 AM
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segunda-feira, agosto 04, 2003

 

Poisé, mal inaugurei a parada e já tô dando pouca atenção, nem pra rolar aquela empolgação de brinquedo novo... Mas não vou escrever nada demais agora, sem disposição, a misantropia tá forte (embora misoginia talvez seja mais apropriado), amanhã eu pego no tranco, devo estar mais social.

Eu ia escrever sobre como Amarelo Manga é um dos lixos mais tóxicos que eu já vi, de uma apelação gráfica tão gratuita e extrema que deixaria qualquer filme hollywoodiano no chinelo; de fato, se não fosse brasileiro seria abominado pelos intelectualóides de plantão. Ou então eu ia escrever sobre esse nacionalismo barato que compele uma massa "culta" de intelectualóides a gostar de qualquer coisa que seja brasileira só pelo fato de ser brasileira (demorô, bora lá no show do É o Tchan então, é brasileiro, cara, tem que prestigiar!) . Mas aí bateu preguiça, outro dia eu elaboro mais sobre nacionalismo, e o filme deixa pra lá, que caia -- espero! -- no esquecimento que lhe é merecido.

Nessas horas eu fico pensando no último grande movimento nacionalista que aconteceu, e o bem que fez à Humanidade... :/

* * *

Misoginia

Eu sou como o Jack -- às vezes deixo que o Tyler fale por mim:
"Nós somos uma geração de homens criados por mulheres; eu fico me perguntando se outra mulher é realmente a resposta que precisamos."

Mais misógino do que isso, só abdicando de vez e partindo pro homossexualismo. Não, obrigado, sou mais o bloco do eu sozinho então...

A música de hoje pode então pode ficar sendo "Jack's Smirking Revenge", Dust Brothers no supracitado Clube da Luta. Como é instrumental, vocês ficam poupados da transcrição da letra... :P


posted by Manhaes at 12:17 AM
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