A Single Kiss ano X:
The Chestnut Tree Café
"Under the spreading chestnut tree, I sold you and you sold me"
-- George Orwell - "1984"

Após anos sob interdição, o Chestnut Tree Café agora se dedica a registrar as Crônicas de um Escravo de Colarinho Branco.

Música:
R.E.M.
Sisters of Mercy
Echo & the Bunnymen
Bauhaus
Kraftwerk
Nitzer Ebb
Leonard Cohen

Mas um dia foram:
Metallica
Iron Maiden
Ramones
Motörhead
Rage Against the Machine
Suicidal Tendencies

Filmes:
Big Fish
Eternal Sunshine of the Spotless Mind
Bicentennial Man
The Wall
Fight Club
Before Sunset

Escritores:
F. Dostoievski
J.R.R. Tolkien
Leonard Cohen
F. Nietzsche
W. Reich
Alan Moore
Frank Miller

Lendo no momento:
F. Dostoievski - Um Jogador

Posts de destaque:
Inauguração
MTV
A palavra
Adaptações para Star Wars
Santos-tolos I, II, III, IV
A Paixão de Cristo I, II
Nacionalistas
O Medo
Nossa geração
Patterns
A censura
Joseph Welsh e Michael Moore
Dostoievski I, II, III
The Young Ideas

The Inner Party:
Após vários julgamentos públicos, há escassez de membros a indicar

Aprovados pelo MiniTrue:

Virtual Bookstore - Brasil
International Movie Database
H.R. Giger Official Website
Video "Killing Time at Home"
Absurd - Design Anihilation
Sinfest
Albino Black Sheep
Something Awful
Anel Um PBM

Quem controla o passado controla o futuro:




Content copyright protected by Copyscape website plagiarism search

domingo, novembro 09, 2003

 

Desprestígio

O que uma passada casual pelo IMDB pra conferir o que vem por aí não faz com a gente... Só má notícia de amargar o espírito, uma adaptação mais fuleira do que a outra sendo prevista pra 2004. Assim não tem como quadrinhos e ficção científica deixarem de ser considerados sub-arte, nas vezes que nego consegue levar exemplos de qualidade ao público em geral só rola mancada!

Constantine, a adaptação da série Hellblazer da Vertigo (se não conhece, procura, não faz mais do que a obrigação, e um favor a si mesmo), tá realmente em pré-produção com o Keanu Reeves (!!!) no papel-título. Sem entrar no mérito da (falta de) atuação dele - que até diverte dizendo "wow" em Bill & Ted, duzentos "why?" em Matrix e "I want room service" em Johnny Mneumonic, mas pouco mais que isso - vamos falar de physique du rôle? Além da ampla bagagem de lidar com demônios e passear pelo inferno (coisas que não devem fazer bem pra pele), John Constantine é um londrino proletário quarentão, solteiro e mal-tratado: bebe demais, fuma demais (até câncer do pulmão já teve, vendeu a alma pra se curar), dorme mal, come qualquer lixo, é cínico e de mal com a vida. Vamos concordar que tá mais pra Urbano, O Aposentado do que pra Keanu, né? Nego nem pra tingir de loiro o cabelo dele pra ao menos caracterizar um pouco... Se era pra escolher alguém famoso, de cara me vem à mente o Keither Sutterland, ou até Johnny Depp (que já é manjado de adaptações do gênero), embora pra casos assim eu ainda ache que seja melhor pegar ilustres desconhecidos.

E não entendi nada, o Chaz, o taxista, também quarentão, parceiro de bebedeira de John, que sempre quebra o galho dele, tá creditado como sendo interpretado por um moleque nascido em '86! Será que essa adaptação vai ser uma versão júnior e ninguém falou pra gente? Medo...

I, Robot, a clássica antologia do Asimov que marcou minha infância, já seria uma adaptação complicada pra longa-metragem. Originalmente se trata de uma séria de contos sobre a evolução dos robôs ao longo de uns 60-80 anos, tendo como fio condutor entre si apenas a narrativa da Dra. Susan Calvin e as eventuais presenças recorrentes dela própria e de outros dois pesquisadores. Aqui aparentemente eles abstraíram por fazer uma única história de investigação que, pela resenha vaga de pós-produção, parece mais com The Caves of Steel, o livro seguinte na cronologia do mestre.

Até aí nada demais, só questão de adaptação de roteiro, mas o que enfraquece é que o Will Smith vai ser o protagonista. Nada contra, o cara é ótimo pra comédias e ação hollywoodiana, mas é por essas e outras que a gente vê por que sci-fi tem tanta dificuldade em conseguir espaço ao sol com o público em geral - o próprio pessoal que leva pro cinema não leva a sério, perpetuando o estigma de sub-gênero. Tem também a Rachel Weisz, que é bonitinha e tal, mas tá mais pra ação-abobrinha como A Múmua 1 e 2 do que pra Enemy at the Gates.

Por fim, aparentemente Hollywood descobriu mesmo o Alan Moore, pra melhor ou pra pior. Pra melhor tivemos From Hell, dos Hughes Brothers, que pegaram uma história complicada que nunca funcionaria no cinema e bagunçaram ela toda, transformando-a em um "who done it" que tem pouco a ver com o original em narrativa (no filme só descobrimos quem é o Estripador no climax; no quadrinho boa parte da narrativa segue sua perspectiva desde o início), mas se manteve bem fiel ao clima opressor e violento do original, resultando em um ótimo filme. Pra pior temos o recente e dispensável League of Extraordinary Gentlemen que, embora eu não tenha lido o original pra comparar, passou longe do trabalho do Moore, muito preso em egotrips do produtor e protagonista Sean Connery e megalomanias de enredo, sem falar na necessidade de aguar a história para o gosto do público norte-americano (metendo o Tom Sawyer onde ele não foi chamado, já que o original tinha apenas figuras literárias inglesas).

Então eis que no Omelete surge a notícia de que os irmãos Wachowski (eles mesmos, culpados por estragar a própria criação com Matrix 2 e 3), estão cogitando produzir uma adaptação feita por eles para V For Vendetta! Assim não dá!

Pra quem não conhece, V pode ser sumarizado como uma versão mezzo-otimista para 1984, mostrando a guerra-de-um-homem-só de um performático anti-herói contra um regime fascista na Inglaterra. Dado o currículo recente dos irmão Watchafuck - sendo que só pode ser recente, os caras caíram de pára-quedas na direção de Matrix sem ter feito quase nada antes - acho que é razão mais do que suficiente pra se ter medo. Se em Matrix 2 eles fizeram aquela lambança toda sobre poder e controle com aquela filosofia muito barata de quem leu muito por alto uma orelha de livro do Foucault, me dá enjôo de pensar no que eles não fariam com o pobre do V...

Irmãos por irmãos, por que não os Hughes Brothers, que já trazem no currículo uma boa adaptação do Moore, e provaram ter o cuidado com clima e ambientação necessário pra uma história delicada como essa.

-Momento trívia 1: Se o Jason Flemyng participasse desse suposto novo filme ele seria um veterano de Alan Moore, pois já fez (bem) o cocheiro Netley em From Hell e o Dr. Jekkyll/Mr. Hyde em League.

-Momento trivia 2 e música do dia: O Alan Moore, que nas horas vagas tem uma banda de garagem, era da mesma "turminha" de moleques punks que o Bauhaus (assim como o Neil Gaiman) e - pasmem! - até já tocou com eles lá em meados de 80. No Amazon a gente até encontra um songbook dele ilustrado por colegas desenhistas. Aqui a gente fica com "This Vicious Cabaret", composta por ele, que aparece com partitura e tudo em V for Vendetta, e que posteriormente foi soberbamente gravada pelo David J., ex-baixista do Bauhaus. Ou seja, tudo em casa. :)

They say that there's a broken light for every heart on Broadway
They say that life's a game and then they take the board away
They give you masks and costumes and an outline of the story
Then leave you all to improvise their Vicious Cabaret

In no longer pretty cities
There are fingers in the kitties
There are warrants, forms and chitties
And a jackboot on the stair
There's sex and death and human grime
In monochrome for one thin dime
And at least the trains all run on time
But they don't go anywhere

Facing their responsibilities either on their backs or on their knees
There are ladies who'll just simply freeze and dare not turn away...

And the widows who refuse to cry
Will be dressed in garter and bow-tie
And be taught to kick their legs up high
In this Vicious Cabaret

At last the 1998 show!
The ballet on the burning stage
The documentary seen
Upon the fractured screen
Thre dreadful poem scrawled
Upon the crumpled page!

There's a policeman with an honest soul
That has seen whose head is on the pole
And he grunts as he fills his briar bowl
With a feeling of unease
Then he briskly frisks the torn remains
For a fingerprint or crimson stains
And endeavours to ignore the chains
That he walks in to his knees

While his master in the dark nearby inspects the hands with brutal eye
That have never brushed a lover's thigh but have squeezed a nation's throat...

And he hungers in his secret dreams
For the harsh embrace of cruel machines
But his lover is no what she seems
And she will not leave a note

At last the 1998 show!
The situation tragedy!
Grand opera slick with soap!
Cliffhangers with no hope!
The water-colour in
The flooded gallery!

There's a girl who'll push but will not shove
And she's desperate for her father's love
She believes the hand beneath the glove
May be one she needs to hold
Though she doubts her host's moralities
She decides that she is more at ease
In the land of doing-as-you-please
Than outside in the cold

But the backdrops peel and the sets give way and the cast get eaten by the play
There's a murderer at the matinee, there are dead men in the aisles...

And the patrons and the actors too
Are uncertain if the show is through
And with sidelong looks await their cue
But the frozen mask just smiles

At last the 1998 show!
The torch-song no one ever sings!
The curfew chorus line!
The comedy divine!
The bulging eyes of puppets
Strangled by their strings!

There's thrills and chills and girls galore
There's sing-songs and surprises!
There's something here for everyone,
Reserve your seat today!
There's mischiefs and malarkies
But no queers, or yids or darkies
Within this bastards carnival
This Vicious Cabaret!


posted by Manhaes at 2:35 AM



Counter